50 Rostos
Macau, 1999
Carlos Damas
O leque de rostos de figuras de Macau, aqui apresentado foi realizado durante várias viagens a esta cidade. Constituiu uma ideia construída a pouco e pouco, os rostos foram alinhados ao sabor de uma conversa, sem preocupação de uma escolha exaustiva. Trata-se de um olhar de fora, de alguém que desejou conhecer a cidade através dos seus habitantes.
Agrada-me uma identidade na película, no papel ou na parede. Ao retratar cria-se um jogo entre o fotógrafo e o fotografado, uma relação forte de olhares directos e indirectos, uma confiança mútua. Retratar é uma maneira de falar, o modelo participa, desloca-se, muda de expressão, interroga a sua própria imagem, torna-se actor.
O retrato, local de verdades e de mentiras, é uma paragem sobre a imagem, sobre o espaço e o tempo que se prolonga e permanece na magia da imagem fotográfica.
O retrato é o tempo roubado ao tempo, uma paragem sobre a imagem, entre silêncio e a imagem.
Maria José Palla
(texto publicado em 50 Rostos, Macau: Livros do Oriente, 1999)