Autoretratos, Polaroïd
Galeria Trem, Faro, 2001
Esta exposição mostra três séries correspondentes a experiências diversas de técnica, de encenação e de pose. As máscaras a preto e branco cobertas de cores foram executadas em minha casa em Montrouge (durante o ano de 1997). Digo máscara porque elas funcionam como imagens expressionistas.
A sua dureza é compensada pela sobreposição de plásticos coloridos. As Polaroïd foram igualmente realizadas em minha casa em Montrouge (durante o ano de 2000). Nelas enceno o meu próprio corpo, calculo a pose, a maquilhagem, a distância, o efeito de provocação.
“Pour moi, lorgane du Photographe, ce nest pas lœil (il me terrifie), cest le doigt: ce qui est lié au déclic de lobjectif, au glissement métallique des plaques (lorsque lappareil en comporte encore)” citando Roland Barthes.
Porquê o rosto?
A imagem de um rosto é sempre forte. Sempre desejei fotografar rostos.
Assim do rosto dos outros passei ao meu próprio rosto. Estava à mão.
Não necessitava de modelo: eu sou o meu objecto de representação.
O meu rosto está colado a mim. Eu sou o meu próprio modelo.
Porquê o autoretrato?
O autoretrato representa uma metamorfose. Eu não desejo transformar-me noutro (não sorrio). Mas o outro inunde a película, alaga a superfície da chapa. Torno-me um objecto duplo, uma imagem do que já foi. Por isso, quando me vejo, estou reduzida à categoria de natureza morta.
O autoretrato é uma hiper imagem.